Durante o período da quaresma,
inúmeros servos do Ministério de Música e Artes têm dúvidas de como conduzir ou
quais músicas escolher no Grupo de Oração. Muitos questionam quais são as
regras para o Grupo de Oração neste período. Antes de responder, é notório
saber que dentre todas as solenidades cristãs, o primeiro lugar é ocupado pelo
mistério pascal, porque devemos nos preparar para vivê-lo com intensidade e
sinceridade de coração.
O Senhor diz na Palavra em Joel 12,
12-13, “...voltai para mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e
gemidos; rasgai o coração e não as vestes; e voltai para o Senhor, vosso Deus;
ele é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia, inclinado a
perdoar o castigo”
A Santa Igreja nos dá a oportunidade
de vivermos este tempo de conversão, de jejum e caridade. É um tempo de escuta
da Palavra de Deus e vivência profunda das práticas espirituais. A Quaresma é
um tempo litúrgico que antecede o Tríduo Pascal que começa com as cinzas e
termina na véspera da Quinta-feira Santa. O Tríduo tem seu término na noite da
luz e do fogo, a noite santa da Páscoa da Ressurreição de Nosso Senhor Jesus
Cristo.
A Igreja nos chama a viver a
reflexão, a conversão espiritual, além de oração e penitências para relembrar o
sacrifício de Jesus Cristo. Pensando em toda a mística deste tempo a Santa
Igreja toma algumas medidas na Liturgia como: a omissão do Glória, do Aleluia,
entre outras ações.
Por
que não se canta o “Glória” e o “Aleluia” no tempo da Quaresma?
Por se tratar de um dos “tempos
fortes” do ano litúrgico, são dias de penitência e oração. Somos chamados a uma
conversão sincera, atestando com mais clareza nossa profissão de fé. A Igreja faz-nos refletir sobre a nossa
conduta como cristãos, não só na Sagrada Liturgia, mas em nosso cotidiano. É
preciso abandonar tudo o que era velho, assim como nos faz refletir a canção, “as
coisas antigas já se passaram somos nascidos de novo”. Com isso, para esta preparação entre outros
gestos, omite-se o canto do “Glória” e do “Aleluia” nas celebrações.
Retiramos todo nosso sentido das
coisas e voltamos totalmente para Deus.
O Glória é uma expressão de louvor,
de alegria e a Igreja deixa essa explosão de festa para o Sábado Santo. Na
Celebração da Luz, vivemos a graça da ressurreição, “a luz brilhou, a noite
mais clara do que o sol meio dia”, a Igreja quer que cantemos o Glória quando
se proclama Ressuscitou!
Não
se canta o “Aleluia” por ser um canto de louvor a Yahweh. Não se trata de um
mergulho na tristeza e sim, na penitência, no jejum e na oração.
Vivemos a Alegria Pascal durante
quase todo o ano Litúrgico, então a Igreja nos chama a viver este tempo, não
somente nas celebrações, mas em nossa vida pessoal. Neste sentido, as
orientações a seguir não se tratam de uma Regra Oficial da RCC Brasil, e sim de
uma orientação para vivermos melhor este tempo quaresmal, juntamente com a
Igreja.
É bom que os GOs evitem cânticos
animados e agitados, e vivam cânticos mais contemplativos que levem a meditação
e a oração de louvor. Precisamos promover o louvor.
O que é o Louvor? O Catecismo da
Igreja católica diz que “o louvor é a forma de oração que reconhece o mais
imediatamente possível que Deus é Deus! Canta-o pelo que Ele mesmo é, dá-lhe
glória, mais do que pelo que Ele faz, por aquilo que Ele É”. Sendo assim, o
louvor é a oração que faz com que reconheçamos quem Deus é e o glorifiquemos
por quem Ele é. O louvor nos faz colocar
Deus no seu lugar e nós no nosso. Faz com que possamos tirar os olhos de nós e
colocá-los em Deus. E isto é viver bem a proposta quaresmal.
Mas, usar cânticos de meditação e
moderados não vai ferir nossa identidade carismática? Claro que não! O que tira
nossa identidade é a ausência do Batismo no Espírito Santo, a não vivência dos
Carismas do Espírito Santo e não pôr em prática a nossa identidade Fraterna.
Cânticos agitado e animado não são
elementos essenciais de uma reunião de oração, eles podem ou não acontecer. A
alergia da presença do Espírito se dá não na agitação, mas no Interior. Outro
ponto importante que precisa ser esclarecido é que: o Ciclo Carismático não vai
deixar de acontecer, ele vai acontecer naturalmente.
É bom que durante este tempo
quaresmal, seja utilizado cânticos de teor contemplativo, sem agitação e sem
muita dinâmica. Cânticos que falem de Ressurreição e que tenha aleluia na letra
não devem ser cantados. Essa escolha não vai tirar a alegria Carismática. Não estamos estabelecendo uma regra
Litúrgica, visto que o GRUPO DE ORAÇÃO não segue em sua estrutura as regras
Litúrgicas nas reuniões de Oração.
É imprescindível ressaltar que não
estamos estabelecendo uma regra, e sim dando orientações para vivermos melhor a
QUARESMA. O critério dos cânticos fica por parte do Ministério de Música
devidamente aprovado pelo Núcleo do GO, podendo ou não viver esta dimensão tão
bela e eficaz que a Igreja nos convida a viver.
É importante lembrar que este tempo
não é para ser uma prática superficial, mais sim, real. Durante a Missa
celebrada na capela da Casa Santa Marta, o Papa Francisco comentou a primeira
Leitura, do livro do Profeta Isaías e explicou a diferença que existe na nossa
vida entre o real e o formal, condenando toda forma de hipocrisia. A
simplicidade das aparências deveria ser redescoberta, sobretudo no período da
Quaresma, através do exercício do jejum, da esmola e da oração. Os cristãos, de
fato, deveriam fazer penitência mostrando-se alegres; ser generosos com quem se
encontra na necessidade sem “tocar os tambores”; dirigir-se ao Pai quase
“escondido”, sem buscar a admiração dos outros. É dessa forma que precisamos
trilhar este tempo tão importante da Igreja, que nos leva à santidade.
Leonardo Sabat
Música e Artes da RCC Bahia
musicaeartesrccbahia@gmail.com