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“As profecias desaparecerão, o dom das línguas cessará, o dom da ciência findará”. (I Cor 13, 8)

O cumprimento dessa afirmação do Apóstolo Paulo, embora à primeira vista pareça uma desgraça, marcará o início do tempo mais feliz de toda a nossa história.

O carisma da profecia e os demais dons carismáticos são uma extraordinária manifestação do amor de Deus, um “algo a mais” do Pai das misericórdias que, apesar de dar-nos tudo que precisamos, ainda nos cumula de benefícios extras para a nossa edificação. Os carismas nos fazem lembrar a chegada do filho pródigo à casa do Pai. Este, além de recebê-lo novamente, restituindo-lhe a herança e a dignidade de filho, ainda o veste com roupas, jóias, calçados e… um novilho gordo com uma festa . Não era necessário tudo isso, mas o Pai fez questão de dar.

Talvez nunca tenhamos parado para pensar que, como o filho pródigo, já tínhamos tudo. O dom da vida, um corpo e uma alma racional, capaz de conhecer e amar a Deus, talentos e virtudes. Apesar de nossas infidelidades, fomos considerados dignos da herança eterna pelos méritos de Cristo que ainda nos deixou os sacramentos e sua palavra transcrita na língua dos Homens. Por fim, ainda recebemos o próprio Espírito Santo como dom, tornando-nos templos vivos Dele. Mesmo com tudo isso, a maravilhosa festa de Pentecostes revelaria que o Pai das providências tinha ainda a nos dar dons extraordinários, além do que poderíamos merecer ou imaginar, que se manifestaram efusivamente à vista de todos, levando os que não participavam da festa a exclamarem, atônitos, - semelhantes ao irmão mais velho do filho pródigo - “o que significam estas coisas?” (At 2, 12; cf. Lc 15, 26).

Mas, embora os carismas sejam mais uma certeza do amor de Deus para conosco, são também um sinal de que ainda não alcançamos a plenitude de Pentecostes. A plenitude do Pentecostes é o amor. A própria sequência da narração do capítulo dois dos Atos dos Apóstolos nos remete a essa constatação. Começa pelo espetáculo dos carismas, passa pela pregação de Pedro e a adesão em massa do povo e finda no amor que “cativava a todos” . É essa a sequência que devemos seguir. Embora a festa da manhã de Pentecostes, o espetáculo das línguas de fogo e dos carismas, que se renovam ainda nos tempos atuais, sejam algo que não podemos esquecer, não estacionamos nela, seguimos em frente para o anúncio do Evangelho e, mais além ainda, aspiramos os dons superiores, dos quais o maior é o amor . Ele a finalidade de todas as nossas obras, é por ele que corremos, é nele que repousaremos .

São Paulo coloca os demais carismas no rol das coisas que servem à imperfeição. Somos dependentes deles porque ainda somos imperfeitos. Se subsiste ainda o imperfeito, é sinal que a perfeição ainda não chegou. Pelo ensinamento do Apóstolo, mesmo as virtudes teologais da fé e da esperança serão inúteis quando chegar o tempo da perfeição. Apenas o amor nos levará ao cumprimento perfeito da Lei . 

Podemos pensar que Apóstolo fala do céu ao anunciar que o imperfeito desaparecerá quando chegar o que é perfeito, mas quem entrará no céu senão os puros? (Mt 5, 8). Quem são os herdeiros do céu senão os que o foram incorporados a Cristo e se conservaram Nele no “Hoje” que lhes foi dado? (cf. Hb 3 e 4). Quem se apresentará ao Senhor em sua glória senão os que permaneceram sem mancha nem ruga, mas santos e irrepreensíveis? (cf. Ef 5,27). O próprio Cristo já havia dito que o amor resume toda a Lei e os Profetas (cf. Mt 22,40), São Pedro afirma que o amor cobre uma multidão de pecados (cf. IPd 4,8) São João, o apóstolo do amor, nos ensina o caminho da perfeição antes mesmo do céu ao proclamar que “todo o que ama é nascido de Deus e conhece a Deus” e mais: “Se nos amarmos mutuamente, Deus permanece em nós e o seu amor em nós é perfeito” (I Jo 4, 7-12), ou seja, quem ama, cumpre as Escrituras, é purificado do pecado e recebe desde já, a bem-aventurança que credencia a entrar no céu. Aquele que ama antecipa o céu pela perfeição.

O fim último do Pentecostes é levar-nos a essa perfeição de que fala a Palavra, que é a plena comunhão com Deus no amor. Nesse dia, não necessitaremos de nenhum milagre ou língua de fogo, nem profecia ou palavras eloquentes, pois seremos o próprio Evangelho vivo, como foram muitos santos antes de nós, nem mesmo necessitaremos da esperança, ou da fé que nos dá a visão das coisas invisíveis , pois no amor o veremos face a face, seremos um só com Deus. Se, contudo, ainda subsistem as profecias e o que nos ilumina é apenas a tênue luz da nossa fé, significa que o Pai continua nos acolhendo com misericórdia e nos alimentando com seus bens, mas ao mesmo tempo significa que a luz do amor, enviada por Deus em Pentecostes, está escondida e ainda não se tornou luz do mundo . A consumação de Pentecostes será quando nós e o mundo forem iluminados pela glória de Deus e pelo Cordeiro, quando não precisemos mais nem da lâmpada nem de sol, porque o próprio Senhor Deus será a nossa luz .

Aspiremos, portanto, os dons superiores! busquemos avidamente o maior de todos! Esperemos ansiosamente o desaparecimento das profecias, a cessação do dom das línguas, o fim do dom da ciência, o dia em que seremos consumidos pelas centelhas divinas do amor mais forte do que a morte, cuja chama nenhuma torrente poderia extinguir, que nenhum rio poderia submergir e nenhuma riqueza poderia comprar . Continuemos então a pedir: “Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso Amor!”

Helber Clayton é Presidente do Conselho Diocesano 
da RCC Diocese de Teixeira de Freitas/BA

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